História

A Ortopedia Pediátrica é a origem e essência da Ortopedia (orthos = correção; paedis = criança), e assim sendo o nome da especialidade dela é originado.


No início, como as demais subespecialidades, era praticada por Ortopedistas generalistas, grandes formadores de opinião. Impulsionada pela grande epidemia de poliomielite, muitos ícones da ortopedia nacional se dedicaram ao tratamento da criança e do adolescente.


Entre os precursores destacaram-se: Resende Puech (SP), Achilles de Araújo(RJ), Barros Lima (PE), Osvaldo Pinheiro Campos (RJ), Jorge Sardinha (RJ), Domingos Define (SP), Arcelino Bitar (RJ), Alci Matos Paiva (BA), Jose Henrique Matta Machado (MG), Osny Preuss (PR), Jose da Silva Rodrigues (PE), Leo Mabilde (RS) Elias Kanan (RS), José Carlos Lopes Prado (SP), Milton Peixinho (SP), Renato Bonfim (SP) entre outros.


Cabe destacar que no segundo Congresso Brasileiro de Ortopedia e Traumatologia, realizado na cidade do Rio de Janeiro em julho de 1937, tendo como Presidente Achilles de Araújo, um dos temas oficiais foi “Luxação Congênita do Quadril”, relatado por Resende Puech e Barros Lima. Na década de 80, um grupo de ortopedistas influenciados por aqueles e também por estágios em centros do exterior como o Instituto du Pont em Delawere, Sick Children de Toronto, Prince of Wales, Prince Margareth Rose de Edinburgo entre outros, iniciaram a ideia de grupos de estudos, cujo ponto alto foram os Seminários Internacionais de Ortopedia Pediátrica.


Em 1989, nasceu o Comitê de Ortopedia Pediátrica da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia. Estavam presentes naquele histórico momento: Paulo Cezar de Malta Schott, então Presidente da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia, Jorge Pederneiras de Faria, Cláudio Santili, Anastácio Kotzias Neto, Luiz Antonio Munhoz da Cunha, Akira Ishida, Paulo Bertol, Paulo Lompa, Renato Barbosa Xavier, Sizínio Kanan Hebert, Roberto Guarniero e Jairo de Andrade Lima. Paulo Cezar de Malta Schott oficializou o Comitê e manteve-se sempre ativo nos eventos da Ortopedia Pediátrica Brasileira. Cabe destaque especial a José Laredo Filho, um grande incentivador dos Ortopedistas pediátricos, com o grande mérito de estimular e criar condições para titulação universitária, na Escola Paulista de Medicina, de muitos dos atuais líderes da Ortopedia Pediátrica em nosso meio. O primeiro presidente do então Comitê foi o Dr. Jorge Pederneiras de Faria seguido por Roberto Guarniero.


Em 1995, sob o mandato de Paulo Bertol, o Comitê passou à Sociedade Brasileira de Ortopedia Pediátrica. No mesmo ano, foi realizado o primeiro congresso da SBOP (que corresponderia ao IV Seminário Internacional), em Foz do Iguaçu, PR, sendo presidido pelo Dr. Luiz Antonio Munhoz da Cunha, que na ocasião elegeu-se o novo presidente. Sucederam-se na presidência os Drs. Cláudio Santili, Akira Ishida, Patrícia Fucs, Edílson Forlin e Cesar Andrade Lima. As atividades científicas oficiais da Sociedade incluem o Congresso Brasileiro de Ortopedia Pediátrica, realizado bianualmente, sendo que o segundo, presidido pelo Dr. Nilo Dourado, aconteceu em Fortaleza, entre 10 e 13 de setembro de 1997; o terceiro no Guarujá, em São Paulo, presidido pelo Dr. Carlo Milani em 1999; o quarto Brasileiro e o primeiro da SLAOTI em Florianópolis, de 28 a 31 de março de 2001, presidido por Anastácio Kotzias Neto; o quinto em Belo Horizonte, de 18 a 21 de setembro, presidido por Marcelo Sternik; o sexto, em Salvador, em associação com o III Congresso Mundial da Federação Internacional das Sociedades de Ortopedia Pediátrica, o IFPOS, sob a presidência dos Drs. Patrícia Fucs e Eduardo Souza Teixeira, devendo ser destacado o trabalho do Dr. Carlo Milani que como secretário da IFPOS, realizou monumental esforço e trouxe esse evento para o nosso país. O sétimo aconteceu em Vitória, presidido pelo Dr. Jorge Luiz Krüger; o oitavo, ocorreu em Gramado-RS, em 2008, organizado pela Dra. Ana Paula Tedesco; e o nono Congresso Brasileiro e segundo Congresso da SLAOTI aconteceu na cidade de Campos do Jordão, em São Paulo, no mês de junho 2010, com a organização do Dr.Gilberto Waisberg.


Outro evento oficial nacional da Sociedade é o TROIA - Traumatologia Ortopédica Infantil: Atualização, curso idealizado pelo Dr. Cláudio Santili que sentindo a necessidade de uma discussão mais ampla sobre o trauma pediátrico dentro da especialidade, lançou a ideia de consignar o estudo e tratamento do trauma pediátrico ao especialista em Ortopedia Pediátrica. Iniciou em Curitiba, no ano de 2000, tendo como seu organizador o Dr. Jamil Faissal Soni. O segundo, em Porto Alegre de 22 a 24 de agosto de 2002, foi organizado pelos Drs. Jorge Borges e Paulo Bertol. O terceiro, em novembro de 2003, em Campinas, organizado pelo Dr. Willian Belangero; o quarto em 2005, no Rio de Janeiro, organizado pelo Dr. Márcio Cunha. Em 2007, ocorreu o quinto em São Paulo, organizado pelo Dr. Miguel Akari, e, em 2009, aconteceu em Belo Horizonte, tendo como organizador o Dr. Rodrigo Galinari.


Além disso, a SBOP atua como organizadora em várias jornadas, campanhas sociais, encontros e atividades científicas. O Dr. Cláudio Santili lançou também a ideia da Revista Brasileira de Ortopedia Pediátrica, como órgão de divulgação específica da especialidade. A revista foi o primeiro veículo científico de uma sociedade de subespecialidade filiada à SBOT-Nacional. Para isto, novamente houve o incentivo contundente do Dr. José Laredo Filho. O Dr. José Batista Volpon foi o seu primeiro editor chefe e atualmente é o Dr. Willian Belangero. Além do seu caráter científico é importante meio de comunicação com os nossos associados. Em 2010, a pedido do Dr. Anastácio Kotzias Neto e em deferência a esta Sociedade por parte do editor da RBO, o Dr. Gilberto Camanho, passamos a publicar suplemento especial com artigos relacionados à especialidade nos meses de julho e dezembro.


Junto à SBOT, a SBOP participa de atividades que vão desde a educação continuada aos colegas ortopedistas até campanhas para a população na prevenção do trauma, como a campanha de transporte seguro da criança nos automóveis, uso adequado de mochilas e orientações diversas ao público leigo. Outra área de atuação é o reconhecimento e Prevenção da Violência contra crianças e adolescentes. Este é um problema crescente em nossa sociedade que acarreta um alto custo emocional, social, econômico e que necessita de entendimento, discussão e medidas para seu controle. Essas ações apontam a tendência de maior envolvimento e comprometimento do Ortopedista com a comunidade, não apenas no esclarecimento quanto na prevenção do trauma ortopédico e diagnóstico precoce das afecções.


A Ortopedia Pediátrica é a mais ampla de todas as subespecialidades ortopédicas abrangendo toda a variabilidade de doenças e tipos de traumas que acometem as crianças e adolescentes.


A idade limite no atendimento a estes indivíduos varia de centro para centro, sendo que a maioria segue a escola americana em que na área pediátrica a assistência chega até os 18 anos. Com esta filosofia alguns centros no Brasil oferecem especialização na área, e os principais são: Hospital Pequeno Príncipe de Curitiba, a UNIFESP – Escola Paulista de Medicina, a Santa Casa de São Paulo, o Hospital de Clínicas da USP-SP, a AACD de São Paulo, a USP de Ribeirão Preto, o Departamento de Ortopedia e Traumatologia da UNICAMP em Campinas, SP, o Hospital do Trabalhador em Curitiba, PR, e o Hospital Infantil Joana de Gusmão de Florianópolis, SC. No exterior destaca-se o Dr Luciano Souza Dias que, em Chicago, tem recebido vários brasileiros para especialização focada, principalmente, nas doenças neuromusculares.


Desse modo, a Ortopedia Pediátrica congrega profissionais que vislumbram um horizonte cada vez mais qualificado e integral de atendimento que atua na prevenção por meio de políticas de proteção e promoção da saúde aos pequenos e jovens brasileiros.